quarta-feira, 11 de julho de 2012

Perguntas, Respostas e um Pão-de-mel Elétrico

Não achava que esse seria o momento ideal pra escrever um texto. As pessoas lêem em busca de respostas, e eu estou tão cheio de perguntas. Mas eu descobri outra coisa: às vezes até mais do que respostas, as pessoas precisam saber que não estão sozinhas nessa busca. Não é um simples jogo de sim e não, é uma caminhada, muito difícil de se fazer solitariamente. Estou aqui para mostrar as cartas que eu tenho. Assim como parceiros (trapaceando) em um jogo de truco, eu faço sinais para mostrar as dúvidas que eu tenho na mão, e quero saber as suas dúvidas, para decidirmos como proceder, para onde ir, qual será o próximo passo. E, em uma palavra, minha busca se trata de um assunto: Cristianismo.

Começar dizendo o que eu não sei poderia assustar o leitor. O desconhecido é um oceano infinito. Sem contar que, apesar de muitas das minhas dúvidas serem possíveis de serem escritas claramente (ex: “Deus é pessoal mesmo?”, “Para onde iremos depois da morte? Existe mais de uma opção?”), existem perguntas em mim que são mais parecidas com sentimentos. E eu não sou poeta o suficiente para traduzir esses sentimentos para o português, sinto muito. Então primeiro vou tentar descobrir... o que eu sei.

O que eu sei? Não vou ser radical como Sócrates e dizer que “tudo o que sei é que nada sei.”. Pô, eu sei de algumas coisas sim! Vou começar mais pelo caminho do Descartes: eu sei que eu existo. Tô aqui! Se “aqui” é um planeta normal, a Matrix, um universo dentro de uma bolinha de gude na mão de um ciclope verde, aí é outra questão! Mas que eu existo, eu existo. E tem um monte de gente que também existe, cada um bem diferente um do outro. Vivemos em comunidade, sabemos nos comunicar e temos algo diferente dos animais. O que é essa diferença que temos em relação aos animais? Sei lá! Eu te falei que eu não tenho muitas respostas, hehe. E os seres humanos estão aí há milhares de anos. Alguns dizem que são milhões de anos, outros, mais apegados à questões bíblicas, dizem que estamos aqui há cerca de 10 mil anos. Eu não estava lá, então só posso acreditar nas hipóteses baseados nos estudos dos outros, que eu nem conheço. Mas por ora não vou falar o que eu “acredito”, porque isso pode mudar, por enquanto estou falando do que eu sei. Sei que existem comunidades chamadas “igreja”, formadas por pessoas que seguem ideais comuns. Essa coisa de igreja não surgiu totalmente do nada, nem sempre existiu. As igrejas começaram algum dia por algum motivo, e esse início e motivo se deram muito provavelmente por volta de 2000 anos atrás. Eu sei que foi mais ou menos há 2000 anos, porque um maluco começou a contar os anos a partir dessa data aproximada, e essa contagem é, olha só que coincidência, justamente o nosso calendário! Estamos no ano de 2012 depois de Cristo! E é por causa desse tal de Cristo que minhas dúvidas são as que são hoje!

Existem muitas teorias sobre esse cara. A mais divulgada por aí é que ele é o próprio Deus, que se fez humano por 33 anos ali na região do Oriente Médio, ensinou como se deve viver, morreu crucificado e levou com ele todo os erros da humanidade que afastavam-nos dEle próprio. Confesso que isso parece meio fantasioso demais, mas as outras alternativas para explicar tudo me parecem ainda mais sem sentido. Estou cercado entre a loucura e o non-sense.

Deixe-me falar sobre o non-sense: uma existência sem significado ou origem, onde um bando de gente começou a morrer por uma mentira há 2000 anos atrás, a respeito de um homem que não fazia milagres mas muitos diziam que fazia. É tão estranho que minha frase ficou até confusa de entender. Vou reexplicar: do nada, BUM! O Universo. E há 2 mil anos, em um período de extrema perseguição religiosa, também do nada, um bando de malucos começaram a mentir sobre um cara que fazia milagres, e a morrer de forma violenta defendendo essa mentira. E ao longo de 2000 mil anos, muitos relataram ter experiências (que no caso seriam falsas) com Deus por causa dessa mentira toda, e muita gente morreu por essa ilusão, e hoje muita gente inteligente continua afirmando essa ilusão. Faz sentido? Pra mim também não.

Agora o caminho da loucura: existe um Criador que ama as pessoas que Ele criou. As pessoas se afastaram dele, ficaram marcadas com essa decisão, ele foi lá, pa-pum e conseguiu reestabelecer a comunhão. E aí ele vai e SOME. Cadê Deus? “Ora, Deus está na natureza.”. Ok, a natureza até pode nos apontar pra um Criador genial, grandioso e maravilhoso. Mas ela não confirma a veracidade da história de Jesus na cruz e tudo mais. Um Deus que se esconde nos dá tanto motivo para acreditarmos em Jesus quanto em um politeísmo maluco, de deuses azuis invisíveis voadores que controlam os fenômenos climáticos. Aí entram as outras loucuras: não há como provar, o único jeito é se lançar, soltar a corda do bungee jump e saltar na imensidão do desconhecido. É essa atitude de ir que chamamos de fé – não um sentimento, mas uma decisão. E aí quando nos lançamos, lá, na queda livre da fé, encontramos o sentido. As peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. Mas diferente de uma queda-livre normal, a qualquer momento nós temos a opção de parar, e voltar pra pontezinha inicial do bungee-jump sem corda. E lá, o que durante o vôo parecia ter sentido, começa a ser apenas loucura de novo. É essa perda do “fazer sentido” de quando estamos do lado de fora que me assusta. Isso não te deixa com medo?! É cabuloso, véi! Não existe opção bonitinha: ou o universo inteiro parece sem sentido, ou estamos fora de onde tínhamos controle e segurança, mas confiamos loucamente em um ser invisível!

Lembra quando eu falei das dúvidas que eu tenho em forma de sentimento, que eu não conseguiria escrever? É tipo isso: saudades de um tempo em que eu acreditava em Cristo e tudo fazia sentido, ao mesmo tempo em que eu não consigo me lançar de novo, pois vendo de fora, a coisa não faz o menor sentido. E o pior: ao olhar de fora, é como se as pessoas de dentro estivessem sendo enganadas. Eu lá da pontezinha do bungee-jump olho as pessoas voando, e na testa delas vejo escrito “Superstição”, “Lavagem Cerebral”. E eu sei que pra elas na minha testa está escrito “Engano”, “Perdição”. Eu também sei que eu era muito mais feliz quando estava lá voando do que agora. Mas é muito difícil pra mim pular sem saber que estarei indo em direção à Verdade. Nesse abismo do desconhecido até pode-se ler a palavra “Verdade” escrita lá no horizonte. Mas me parece tão confiável quanto um escrito de “original” escrito de canetinha em um cd do Windows achado na rua. É uma verdade muito auto-declarada. Talvez seja mesmo a verdade, mas é tão difícil me lançar. E é nesse estágio que eu estou aqui escrevendo.

Você deve querer me falar: “Véi, SE JOGA! Vai ser bom!”, igual aquelas pessoas na piscina falando “Pode vir, tá quentinha!”. E em quantas águas ‘quentinhas’ eu já pulei, para descobrir que estava geladaça, e a pessoa ou me enganou porque queria companhia na piscina, ou tinha percepções diferentes da minha. Mas te digo que em relação ao cristianismo, eu mesmo muitas vezes me digo “Vai, cara, pula, vai ser bom! Você não tem nada a perder, certo? Estando aqui fora nada faz sentido mesmo!”. Mas eu não consigo! Eu já pulei várias vezes na minha vida, e penso que se o que tinha lá era tão forte assim, eu não estaria aqui fora de novo! E nesse misto de cinza com nada, ao qual eu dou o nome simplista de “dúvida”, escrevo esse texto. Eu olho para os lados e vejo muitos ao meu lado, na ponte, perguntando-se “jogo-me ou não?”, assim como eu. Vejo muitos voando dizendo “Venha! É bom aqui!”. E vejo muitos longe do bungee-jump, em terra firme, dizendo: “Não vá, é fria. Já estive lá e superei isso.”. Sim, vejo todos esses, e todos são importantes para mim, cada um faz parte do que eu sou, são meus amigos, e sei que sinceramente querem me ajudar nessa caminhada. Mas uma coisa eu não vejo: o meu futuro. Mas uma coisa eu vejo: a esperança. E uma coisa não vejo: Deus. E outra coisa vejo: a tela do meu computador. E nesse pingue-pongue ridículo de vejo-não-vejo eu termino esse texto. (espero tê-lo feito rir com esse final, porque eu ignorei todas as regras de ‘como finalizar bem um texto’ com esse fim.)

ps: se vc queria saber do "Pão-de-mel Elétrico" do título, se deu mal, kkkkkk! Mas pelo menos eu consegui te prender pela curiosidade, hem? ;)